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sábado, 23 de maio de 2009

Política e suicídio...

Por Humberto Carvalho Jr.

Envergonhado por um escândalo de corrupção, o ex-presidente da Coréia do Sul, Roh Moo-hyun, suicidou-se, na manhã deste sábado (23), ao pular de uma montanha perto da cidade de Gimhae, onde vivia (450 quilômetros ao sul de Seul). Roh, um reformista, tinha orgulho de seu histórico de honestidade, em um país com longa história de corrupção. Ele governou a Coreia do Sul entre 2003 e 2008.

"Sinto muito por ter desapontado vocês. Não tenho coragem de aparecer mais em público", disse o ex-presidente antes de dar seu depoimento aos promotores responsáveis pela investigação do caso, em 30 de abril. Os promotores questionaram Roh durante 13 horas a respeito das acusações de que ele teria aceito mais de US$ 6 milhões em subornos de um empresário sul-coreano, quando era presidente. Segundo os partidários de Roh, as acusações contra o ex-presidente tinham motivações políticas.

Na verdade, o Imprensa Marginal destacou tal fato não apenas por considerar os seus critérios de noticiabilidade, mas sobretudo pelo receio de que o ato do ex-presidente sul-coreano ganhe adeptos entre os políticos brasileiros. O leitor há de concordar, ao menos parcialmente, que seria um verdadeiro desastre (não político), mesmo sabendo da impossibilidade da repetição de tão infausto acontecimento no Brasil.

Aqui em Banana Land, as pessoas tentam se matar exatamente pela falta de vergonha dos nossos políticos. Ontem (22), por volta das 10h, o professor de Educação Física do Projeto Frutos do Brasil, Raylan nunes, ameaçou se jogar da Ponte Wall Ferraz, Teresina (PI). Segundo Raylan, quando a Embaixada Japonesa tomou conhecimento do seu projeto, em 2007, prometeu liberar R$ 900 mil para a criação de um centro esportivo, mas a obra teria sido vetada pela prefeitura da capital piauense. O prefeito Silvio Mendes (PSDB) negou o embargo.

Segundo informações da mídia local,
Raylan foi informado por Messias Carneiro, da Superintedência de Desenvolvimento Urbano (Sudeste), que a obra havia sido vetada por falta de orçamento, e que na atual conjuntura de crise econômica e contensão de despesas, o projeto teria saído das prioridades, mas que seria colocado quando houvesse oportunidade.

O professor desistiu de se suicidar e aguarda uma posição da prefeitura.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Para a Rede Globo racismo no Brasil é mito

Por Humberto Carvalho Jr.

Embora o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) tenha divulgado, nesta terça-feira (19), uma pesquisa que revela grande desigualdade salarial entre negros e brancos, uma matéria veiculada no Jornal Nacional, no mesmo dia, afirma que o preconceito racial no Brasil não passa de um mito.

Segundo o vídeo, vivemos numa democracia invejável, onde negros, índios e brancos convivem na mais perfeita harmonia, versão facilmente desmentida pelos dados apresentados pelo IBGE. Conforme a pesquisa, um comparativo de março de 2003 a março deste ano, revelou que em questões de ocupação, escolaridade e rendimento, a renda média real dos negros e pardos foi de R$ 690,3 para R$ 847,7, enquanto que a dos brancos foi de R$ 1.443,3 para R$ 1.663,9.

A matéria apresentada no JN teve como objetivo mais direto, além de abafar (mais uma vez) a discussão sobre uma das mais perversas formas de preconceito ainda existente em nossa sociedade e suas conseqüências, pressionar o cancelamento do projeto do Estatuto da Igualdade Racial, que estava em votação na Câmara Federal. O resultado, ou seja, o cancelamento da votação do projeto foi comemorado, nesta quarta-feira (20), no website da emissora, Globo.com.

A grosseira repulsa da emissora em relação ao projeto torna-se mais evidente se forem analisadas as propostas que pretendem aumentar a participação de negros nos meios de comunicação. De acordo com o texto do projeto, os filmes e programas veiculados pelas emissoras de televisão deverão apresentar imagens de pessoas afrodescendentes em proporção mínima de 25% do número total de atores. No caso das peças publicitárias para televisão e salas de cinema esse patamar sobe para 40% do número de atores.

Cinco dias antes da veiculação de tal matéria no JN, o ministro Edson Santos (Igualdade Racial), Em evento de lançamento de ações afirmativas para negros, reagiu às declarações do general de exército Paulo César de Castro, que havia exaltado o golpe militar de 1964 e criticado as políticas de cotas raciais na educação (leia na íntegra aqui). “Ele [general Castro], um cidadão branco, disse que entrou no colégio militar sem precisar de cota. É evidente”, afirmou o ministro.

Baseada na mesma ideologia do general Castro e tantos outros remanescentes do regime militar brasileiro, o jornalismo “global” apenas cumpriu, maquiavelicamente (aqui no termo mais comum da palavra), com o seu dever diário de defender os interesses da classe dominante, e, sobretudo neste caso, os próprios.

Certamente, a desigualdade social e todas as suas conseqüências não deixaram de existir em nossa sociedade por intermédio de políticas públicas de inclusão social como as cotas raciais. No entanto, tais medidas mostram-se imprescindíveis devido ao seu caráter emergencial na reparação de séculos de injustiça social no Brasil, perpetradas pela minoria branca. Exatamente por isso, os grandes meios de comunicação e seus pupilos são contra tais medidas.

Considerando a delicadeza e complexidade do tema, sugiro a leitura da cartilha “Cotas raciais: por que sim?”, publicada em parceria pelo Ibase e Observatório da Cidadania (RJ), em 2006.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Folha defende Gilmar Mendes ainda antes dos manifestos

Por Humberto Carvalho Jr.

Numa tentativa desesperada de recuperar a imagem do Supremo Tribunal Federal e seu presidente, o paladino da justiça e da democracia Gilmar Mendes, a Folha de S. Paulo se antecipou aos manifestos marcados para esta quarta-feira (6), às 19h, em diversas capitais do país e em frente ao STF. O diário paulista revelou um Mendes desconhecido por nós, vítima de acusações levianas.

O repórter Márcio Falcão, autor da notícia sobre a indiferença de Mendes aos protestos, usou das aspas com bastante esperteza, passando a idéia de imparcialidade. Veja, no trecho, como o jornalista narra a discussão entre o ministro Barbosa e Mendes:
As manifestações contra Mendes se acenturam há duas semanas, quando ele protagonizou um bate-boca com o colega Joaquim Barbosa. Na ocasião, o presidente do STF foi acusado pelo colega de "destruir a Justiça" do país. Disse ainda que Mendes deveria sair às ruas, e não na mídia. Mendes pediu respeito a Barbosa, que chegou a afirmar que Mendes não estava falando com os seus "capangas de Mato Grosso".
Nota-se que o texto de Folha condena as declarações de Barbosa, que teve a audácia de insinuar que o presidente do STF possui capangas em seu berço político. Mais: o jornalista , diferentemente de todos que assistiram ao vídeo, lembra que somente Mendes pediu respeito. Tais críticas não fariam sentido algum se a imprensa nativa não se mostrassem tão apegadas ao dogma de apreensão da realidade, com objetividade e isenção.

A liberdade de imprensa, agora mais do que nunca com a revogação da Lei de Imprensa, está aí para permitir a publicação de todo o tipo de libertinagem, inclusive panfletos reacionários como Veja, Folha e muitos outros. Cobra-se da imprensa apenas o que ela promete. E o leitor/ espectador/ ouvinte cobra à sua maneira. Veja, abaixo, a reportagem do noticiário da TV Record que aborda a diminuição da tiragem do ainda mais vendido jornal do país, a Folha.



O movimento "Saia às ruas Gilmar" pretende reunir 10 mil pessoas na Praça dos Três Poderes, hoje, em protesto a postura de Mendes à frente do STF.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Trabalho Escravo ainda assola o Brasil

Por Humberto Carvalho Jr.

Neste 1º de maio, Dia do Trabalhador, optei por uma homenagem mais condizente com a realidade do trabalho em nosso país. Como todo o conteúdo desta página, a intenção é mostrar o que a grande imprensa nativa, defensora dos interesses da elite, jamais mostrará. Garanto , ao menos, que esta mídia nunca apresentará conteúdo qualquer com este enquadramento.

Refiro-me ao documentário "Aprisionados por promessas: a escravidão rural contemporânea no Brasil", um vídeo produzido em 2006 pela Comissão Pastoral da Terra, em parceria com o Centro pela Justiça e o Direito Internacional e a Witness. Com base nos depoimentos de de trabalhadores rurais ex- escravidos e pessoas que trabalham no combate ao trabalho escravo, o vídeo retrada a situação de trabalhadores aliciados e escravizados em fazendas e carvoarias, bem como os principais desafios para a erradicação desse tipo de crime no país.

Segundo o video, autoridades brasileiras assumiram que cerca de 25 mil trabalhadores rurais entram em regime de escravidão a cada ano. Porém, ainda de acordo com o mesmo, desde o início das fiscalizações em 1995, nenhum dos proprietários de terra foi preso pelo crime de Trabalho Escravo.

Progresso a qualquer custo: este é o tipo de progresso idealizado pelo presidente do STF, Gilmar Mendes, e todos os outros políticos neoliberalistas, apoiados pelas maiores empresas de comunicação do Brasil. Assista ao vídeo "Aprisionados por promessas" e tire suas próprias conclusões sobre o modelo de desenvolvimento vigente em nosso país.


Em 2003, o Ministério do Trabalho começou a publicar uma "Lista Suja" com os nomes dos proprietários flagrados com trabalhadores em regime de escravidão em suas fazendas. A relação é atualizada semestralmente. A partir de sua última atualização, em de 2009, o cadastro contém 205 infratores, entre pessoas físicas e jurídicas, não computados os casos de exclusão determinados por decisão judicial. Para ter acesso à lista, clique aqui.

Mais da metade de todas as terras férteis do país está nas mãos de apenas 3% de proprietários.

* Com informações do website Repórter Brasil.