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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Hoyo Colorao: Diga não!

Por Humberto Carvalho Jr.

Além da batida marcante do Hip Hop, “Dí Que No”, canção antibelicista que consagrou o grupo cubano Hoyo Colorao dentro e fora da ilha, encanta pela letra forte.

Hoyo Colorao é um projeto musical fundado pelos amigos Karoll William Perez Zambrano e Humberto Escuela Fernandez no ano de 2000. Depois do sucesso da faixa “Dí Que No”, a banda teve que se preparar para um trabalho cada vez mais profissional. “Cada tema se converte em crônica social, abordando fenômenos do mundo moderno e a posição do homem ante a vida social atual", assim o grupo afirma a importância de suas letras.

Acesse a homepage da banda Hoyo Colorao e saiba um pouco mais sobre a sua história e obra.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Brizola também desmascarou a Globo


Por Humberto Carvalho Jr.


Assista, abaixo, um vídeo do Leonel Brizola comentando sobre as Organizações Globo. Apesar de ter sido veiculado durante as eleições presidenciais de 1989, o vídeo é bastante atual.


Indicado pelo Blog do Mello.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Política com confetes

Por Humberto Carvalho Jr.

Mal, isso assim vai mal, mas viva o carnaval!”. O trecho da música Linha de Passe (1979), composição de João Bosco, Aldir Blanc e Paulo Emílio, revela-se bastante oportuno neste momento, quando o carnaval ganha as ruas da capital baiana, nesta quinta-feira (11).

O verso revela como os problemas sociais são habitualmente abafados pelas festas populares, e especialmente durante as comemorações momescas .

Carnaval é tempo em que a cuíca toca em tom maior, acompanhada do batuque ensurdecedor de tambores e marcações de pancada grave, muito mais grave... É a vez do Rebolation, “a dança do verão”, anunciam os noticíarios. Os manifestantes trocam as frases de protesto pelo festival de onomatopéias (Aê, aê, aê, aê. Ê, ê, ê, ê) dos refrões do que chamam de música baiana. Por aí, vai... Tira o pé do chão que o trio não pára, não pára, não pára, não.

Enfim, a intenção não é discutir o valor econômico-cultural da “maior festa popular do mundo”, o Carnaval de Salvador, embora este seja, sem dúvida alguma, um dos retratos mais fiéis da divisão de classes, da evolução das formas de exclusão social, aprimoradas desde a relação afável entre a casa grande e a senzala.

Há um outro contexto ainda mais favorável ao resgate do exceto de Linha de Passe, imortalizada na voz do extraordinário cantor e compositor mineiro, João Bosco, ao ilustrar de forma ainda mais lúcida como terminará o debate sobre as declarações insolentes do prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PMDB).

Em entrevista ao ex-prefeito e radialista roufenho Mário Kértsz, na última segunda-feira (2), o prefeito tirou o braço da seringa e responsabilizou a população pelos principais problemas da capital.

Para JHC, a sujeira nas ruas, não passa de um problema de falta de educação dos soteropolitanos. “Agora no verão, na região do Farol e do Porto da Barra, a gente está fazendo de dez a 12 varrições por dia; o mesmo no Centro Histórico. Quer dizer, por mais que a gente limpe as pessoas não se cansam de jogar o lixo nas ruas. Há que se levar em conta também isso. Nós temos aí uma demanda infinita, é o tempo todo varrendo”, reclamou ele, aproveitando para criticar pichadores e vândalos.

Salvador é um canteiro de obras inacabadas, algumas até paralisadas, como o metrô, que completou sua primeira década de obra. Entre as únicas metrópoles brasileiras sem metrô, a cidade do maior carnaval do mundo possui cerca de 2.500 ônibus para transportar 40 milhões de passageiros, número suficiente segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageitros de Salvador (Leia mais sobre os dez anos de obra do metrô aqui, e sobre as novas denúncias de superfaturamento aqui).

Ainda assim, o peemidebista teve coragem de atribuir a culpa do trânsito caótico às revendedoras de automóveis, que, segundo ele, “despejam milhares de carros nas ruas baianas”, ao “vender veículos sem entrada e em 80 parcelas”.

A situação política local amarga ainda a ausência de uma imprensa crítica, de veículos informativos que questionem as ações dos personagens políticos, que transitam tranquilos mesmo após declarar tamanhas barbaridades.

O jornal A Tarde, o impresso mais vendido no estado, limitou-se a caracterizar o discurso do prefeito como uma bronca na população. Podemos chamar isso de cobertura jornalística? Do que que chamar isso?



Fonte:

Com informações do A Tarde Online e Vermelho.Org.

Leia mais:

De quem é a culpa das irregularidades na execução do Metrô de Salvador? Existe currupção e superfaturamento?

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A culpa é dos pretos e pobres: o JN e a batalha contra as igualdades sociais

Por Humberto Carvalho Jr.

Abertamente contrário à política de cotas nas universidades federais, medida utilizada pelo governo Lula para tornar o acesso à educação superior menos desigual, o Jornal Nacional criticou novamente o programa (Leia Para a Rede Globo racismo no Brasil é mito, publicado aqui).

Porta voz da elite inconformada com as mudanças sociais, ainda que bastante frágeis, promovidas pelo atual governo, o principal noticiário da “vênus platinada” noticiou, na última sexta-feira (5), a insatisfação dos alunos de escolas particulares do recife com os resultados do vestibular da Universidade Federal de Sergipe.



“Estudantes de escolas particulares recorreram à Justiça para conseguir matrícula na Universidade Federal de Sergipe. Eles dizem que apesar de terem feito mais pontos no vestibular que alunos aprovados, ficaram de fora por causa do sistema de cotas”, anuncia a matéria a apresentadora Fátima Bernardes.

Somente duas declarações contrariam o que todo o conteúdo da matéria tenta provar: tudo por culpa dos pretos e pobres. As falas de Vanessa Santos Oliveira, aluna que obteve uma das vagas para cotistas, e do pró-reitor da Universidade Federal de Sergipe Sandro Holanda são incluídos apenas para manter a farsa da objetividade, da imparcialidade.

Note que, após o pró-reitor afirmar que trata-se de uma forma de corrigir as desigualdades do processo seletivo das universidades, a matéria é fechada com uma idéia de oposição.

“Mas para os estudantes da rede particular, a competição para os cursos concorridos, como engenharia e medicina, ficou ainda mais difícil. ‘Só são cem vagas e, das cem vagas, 50% ser para cotista. O que já era difícil agora é quase impossível’, disse a estudante Cecília Andrade.”

Em nenhum momento do processo de produção do material informativo (pauta, apuração, seleção e edição) o enquadramento foi esquecido. Um produto, desde a sua primeira fase, arquitetado para comunicar uma idéia (também ideologia) da forma mais eficaz possível. O vídeo induz o telespectador a aceitar como o sistema de cotas raciais é injusto.

Por que a notícia sobre a reinvindicação dos alunos brancos não foi nem será conxtextualizada? Simplesmente, porque não há interesse em fazer a população saber que afrodescendentes, índígenas e outros grupos incluídos no programa têm dificuldades para ingressar numa universidade por não ter as mesmas condições soócio-econômicas dos alunos brancos de escolas particulares. E mais, que os que ficam de fora representam maioria.

O tema merece maior reflexão, sim. Mas não pelo aspecto levantado pela grande imprensa, um dos setores mais conservadores da sociedade, sobretudo a nossa. Por isso, sugiro a leitura da cartilha “Cotas raciais: por que sim?”, publicada em parceria pelo Ibase e Observatório da Cidadania (RJ), em 2006.