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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Dilma rebate acusações do adversário tucano, Folha diz que foi ataque

No website da Folha de S. Paulo, hoje, o fato de Dilma ter citado casos de corrupção do governo de Fernando Henrique Cardoso, cujo Serra foi secretário da Saúde, foi classificado como ataque ao seu oponente (veja em destaque, abaixo).



Durante entrevista concedida ao Jornal da Globo, ontem, a candidata do PT à presidência lembrou de expressivos casos de corrupção, ocorridos durante a gestão de FHC, como o "vazamento da dívida dos deputados federais com o Banco do Brasil nas vésperas da votação da emenda da reeleição", "os grampos que existiram no BNDES" e "grampos feitos junto ao secretário do gabinete da República".

"Eu jamais usei esses episódios para tornar o meu adversário suspeito de qualquer coisa. Não acho correto. Agora, eu também não concordo que me acuse ou à minha campanha sem provas. Não vejo nehuma justifivativa para as acusações a não ser eleitorais", ressaltou Dilma.


Dois pesos e duas medidas


Enquanto as denúncias contra os tucanos são vistas pelos jornalões como "ataques" à campanha de Serra, as acusações levianas do candidato tucano à presidência e seu vice ganham destaque na cobertura eleitoral. E quase sempre, as declarações de Serra e Indio da Costa (ex-PFL-RJ) são publicadas como informações exaustivamente apuradas, fatos comprovados.

Serra dará entrevista ao JG nesta noite. Porém, por razões óbvias, jamais será cobrado pelos apresentadores do telejornal a fornecer comprovações de suas denúncias. E ainda que fosse questionado, recusaria-se a responder. Afinal, foi assim que o candidato reagiu quando repórteres perguntaram se ele poderia citar quais seriam os "blogs sujos" financiados pelo governo para patrulhar jornalistas.

"Prostituta é assim mesmo, dá o preço de acordo com a cara do cliente", ouvi certa vez um homem dizer após contar uma anedota, uma analogia perfeita para explicar a relação promíscua das grande empresas de comunicação com a elite.


* O termo "velha imprensa" foi utilizado pelo jornalista Rodrigo Vianna durante o Iº Encontro de Blogueiros para conceituar o que antes era classificado como a "grande imprensa".

Dilma cala a boca de William Waac, com classe

Assista à entrevista da candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff, ao Jornal da Globo na noite de ontem (30). A candidata lembrou de diversos fatos de corrupção envolvendo tucanos, mas que, no entanto, não foram utilizadas em suas campanhas como forma de desgastar a imagem do seu oponente.


Primeiro Bloco



Segundo Bloco




O entrevistado de hoje será o candidato da "velha imprensa", José Serra.

Deve ser chato...

Clique na imagem para ampliar.




Esta fugura foi tomada emprestada do blog do André Lux, o Tudo em Cima.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Rodrigo Vianna: Blogues assumem a contra-infromação no Brasil


Leia, abaixo, entrevista do jornalista Rodrigo Vianna ao portal Rádio Agência NP.



323 jornalistas e comunicadores se juntaram para discutir o poder e o alcance dos blogues e debater a comunicação – de maneira geral – em São Paulo (SP), durante o 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas. O encontro ocorrido entre os dias 20 e 22 de agosto aproximou uma rede em expansão na internet de blogueiros conhecidos por fazerem o contraponto jornalístico dos fatos e opiniões da grande mídia.

Os jornalistas se classificam como independentes e ativistas dos movimentos sociais. O uso do blog foi a maneira que encontraram para driblar o bloqueio midiático a determinados assuntos e combater a concentração dos veículos de comunicação no Brasil.

A Radioagência NP conversou sobre o Encontro de Blogueiros com um dos organizadores do evento, o jornalista Rodrigo Vianna. Rodrigo também é diretor de Comunicação do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, que articulou o fórum. Acompanhe.

Radioagência NP: Rodrigo, a partir do encontro, os blogueiros se dispuseram a fazer reuniões em pelo menos 19 estados brasileiros. Você considera que esse primeiro encontro foi um marco da comunicação social no Brasil?

Rodrigo Vianna: Sim, foi um marco da comunicação no Brasil, inclusive isso acabou entrando até na agenda da campanha eleitoral. Um dos candidatos que está meio nervoso nas últimas semanas chegou a fazer uma declaração desqualificando os blogues. Mas, na verdade, passou um recibo da importância relativa que os blogues já tem no debate em comunicação no Brasil. Em muitas cidades há dezenas de blogueiros que conseguem ser um contraponto à imprensa escrita tradicional, ou seja, a velha imprensa brasileira que é controlada por meia dúzia de famílias. Então é um marco porque ele colocou frente a frente as pessoas que estão fazendo esse contraponto e essa rede dos blogueiros, que já é forte, vai ficar mais forte ainda a partir do Encontro.

RNP: O que seria o Partido da Imprensa Golpista (PIG)?

RV: Olha esse termo PIG, que é um termo bem-humorado para se referir a esse Partido da Imprensa Golpista, surgiu a partir de um discurso de um deputado federal Fernando Ferro (PT/PE). Ele ele estava fazendo justamente a análise da grande imprensa brasileira, no momento específico de 2005 e 2006, e isso criou uma onda que aparentemente queria derrubar o governo federal. E a partir disso o jornalista Paulo Henrique Amorim cunhou esse termo PIG e a gente usa esse termo nos blogues para se referir a essa velha imprensa, que tem tido um papel no mínimo complicado nos últimos anos no Brasil.

RNP: Como a afirmação de Serra sobre os “blogues sujos” foi recebido pelos Blogueiros Progressistas?

RV: Foi tratado na base da galhofa que é como merece ser tratado um candidato se referir dessa maneira aos blogues, ele que tem uma relação tão próxima com a velha imprensa. Ele na verdade fez o porta-voz da velha imprensa. A gente já não sabe mais se a imprensa que é porta-voz desse candidato ou se ele é porta-voz da velha imprensa. Então foi tratado assim na base da galhofa porque não dá pra levar a sério um negócio desse.

RNP: O Blog Cloaca News vai pedir explicações de Serra na Justiça sobre o que seria "os blogues", é isso?

RV: É, vai pedir que ele nomeie, pois ele fez uma referência genérica. Aí o Cloaca News - que é um blog que mistura investigação com bom humor - disse que vai interpelar o Serra judicialmente, para que o candidato diga quem são esses blogues que ele considera “blogues sujos”. E o Paulo Henrique Amorim, durante o Encontro de Blogueiros, propôs que a gente desse um prêmio ao Serra de twittero cascão por disseminar sujeiras em certos momentos pela rede de computadores.

RNP: Como você avalia o papel dos blogues nesta eleição?

RV: Aquilo que a gente faz é um contraponto, eles já não falam sozinhos. De 2005 para cá, os jornais e as revistas - que eu chamo de velha imprensa - caminharam de um lado só. Todos passaram a fazer oposição ao governo federal. Não que o governo não mereça críticas, há muitos temas em que a crítica deve ser feita e quando há corrupção o jornalista tem que mostrar, mas foi uma coisa unilateral. A tal ponto que a presidenta da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), Judith Brito, que é também diretora da Folha de S. Paulo, disse que dada a fragilidade da oposição partidária a imprensa passava a fazer o papel de oposição. Eles dizem que são isentos, mas não existe essa história de isenção completa na imprensa. Eu acho que a pessoa pode ter um lado, mas deve se prender a verdade factual. Por isso que os blogues crescem tanto, por culpa também do péssimo serviço de informação que a velha imprensa brasileira faz em nosso país.

RNP: Durante o encontro vocês também deixaram claro o apoio à Ação Direta de Inscontitucionalidade (Adin), que o jurista Fábio Conder Komparato entrou no Supremo Tribunal Federal. Essa ADIN é para regulamentar artigos da Constituição sobre comunicação?

RV: O professor Fábio Conder Komparato vai ingressar, ele ainda não ingressou. Ele vai ingressar em nome de entidades na área de comunicação, com apoio de centrais sindicais e sindicatos e dos blogueiros do Encontro Nacional dos Blogueiros. É uma ação pedindo que o Estado faça cumprir o que está na Constituição. Há vários artigos da área de comunicação que não são cumpridos, por exemplo, o que diz que não pode existir oligopólio e propriedade cruzada dos meios de comunicação. [Hoje] uma única família é dona do rádio, da televisão, do jornal, da internet, da TV a cabo. Não dá. É muito poder concentrado e a Constituição veda isso. Mas o Brasil não coloca isso em prática por causa do poder dessas famílias. Então o Brasil tem que questionar o poder dessa meia dúzia de famílias que ainda mandam na comunicação brasileira.


*Você pode ouvir ou baixar a entrevista na íntegra aqui.

Corrida eleitoral


domingo, 29 de agosto de 2010

Apresentador do Jornal da Globo tem seu momento Boris ao criticar Dilma no ar

William Waac, apresentador do Jornal da Globo, o mais reacionário informativo da famíglia Marinho, teve o seu momento Boris Casoy ao mandar a candidata do PT à presidência se calar no ar. O jornal exibia um trecho da entrevista em que Dilma rebatia as acusações do candidato tucano sobre uma suposta quebra de sigilo fiscal, quando o apresentador, sem notar que o áudio do seu microfone estava aberto, bate na mesa e pede que alguém a mande "calar a boca".

A versão disponibilizada abaixo foi editada pelo weblog Cloaca News. Mas, caso alguém duvide da veracidade do vídeo, pode acessar o original do JG aqui. Mas tem que ser rápido, antes que eles decidam eliminar a falha. E este erro de gravação não vai passar no quadro "Falha Nossa" do Vídeo Show.


Não há como escamotear o sentimento de angústia que tomou conta das redações da "velha imprensa" nativa. E esse clima de aflição, ampliado a cada pesquisa publicada, não é nada favorável ao "surgimento" de um "novo fato" que possa estancar a queda de Serra na disputa presidencial.

Essa mania de áudio aberto em horas impórprias ainda vai fazer muitas vítimas na Tv.

sábado, 28 de agosto de 2010

Serra barra a entrada de jornalistas em palestra para militares, mas mídia não vê censura


Apresar de credenciados pelo Clube da Aeronáutica, jornalistas foram impedidos, pela assessoria do candidato do PSDB, José Serra, de cobrir palestra para militares da reserva e membros dos clubes militares.“Eles estabeleceram as regras do jogo. Eles pediram. Nós queríamos que fosse aberto”, disse o assessor do clube, coronel Paulo F. Tavares, ao repórter do portal de notícias iG.
A atitude do candidato tucano contradiz seu discurso, quando acusou o governo, na semana passada, de censurar e imprensa e disse ser contra qualquer tipo de restrição à atividade jornalística, durante o 8.º Congresso Brasileiro de Jornais, promovido pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), no Rio de Janeiro.

Nenhum dos grandes jornais estamparam esta notícia em suas capas. E claro que não foi por falta de relevância, ou mais tecnicamente, critérios de noticiabilidade, valores-notícia. Um candidato à presidência reúne-se, de portas fechadas à imprensa, com militares , alguns deles destacados personagens da ditadura militar, e os editores e chefes de reportagem não vêm motivo a para noticiar o acontecimento?

O acepção do termo "liberdade de imprensa" tem para os donos das grandes empresas de comunicação do país um sentido diferente do que foi conquistado pelas lutas populares. Nas redações dos principais veículos de informação, que estão preocupados apenas em devolver o poder aos seus representantes, essa "liberdade" é utilizada como autorização para decidir o que o povo deve o ou não saber. Por isso as declarações de Serra e seu vice ganham a publicidade negada aos reais fatos de interesse público.

Dilma alcança 51% e abre diferença de 24 pontos sobre Serra na pesquisa Ibope


Agora são 24 pontos de diferença sobre o seu adversário tucano, segundo a pesquisa Ibope divulgada neste sábado (28). A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, em constante ascensão, atingiu a margem de 51% das intenções de voto, enquanto Serra, agora com 27%, continua em queda.

Dilma ultrapassou Serra nos principais redutos tucanos: São Paulo (42% a 35%) e Minas Gerais (51% a 25%), mais que o dobro de votos.

"A performance de Dilma já se equipara à de Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de 2006. Na época, no primeiro turno, o então candidato petista teve 59% dos votos válidos como teto nas pesquisas", publicou o website do Estadão, o que poderia ser o título da matéria se este não fizesse parte da oposição (leia aqui).

Na descida da Serra, ou do Serra

Restou à mídia e ao seu candidato, conforme anuncia matéria da BBC Brasil, o surgimento (ou criação) de um "novo fato" para diminuir essa diferença. A criação de "factóides" como estratégia para conter o crescimento dos adversários não é novidade na história da política brasileira. Basta lembrarmos das eleições de 1989, quando o candidato da "grande imprensa" , Fernando Collor, trouxe à tona um caso pessoal de seu opositor, o Lula, uma filha fora do casamento.

Em 2006, a Folha de S. Paulo estampou em sua capa uma foto (em contra-plongée) de uma montanha de dinheiro que seria usado pelos "aloprados" do PT de São Paulo para obter um suposto dossiê com informações sobre seus adversários. A foto havia sido deliberadamente vasada pelo delegado Edmílson Bruno, da Polícia Federal de São Paulo. "Estou fazendo isso para f... o governo e o Lula", disse o delegado ao entregar o Cd com as fotos para jornalistas. Assim, a vitória de Lula foi adiada para o segundo turno.

Desta vez, a população parece estar indiferente a esse tipo de denúncismo, o que torna a tática do terrorismo eleitoral da campanha demo-tucana um fiasco histórico. O "trunfo" da suposta quebra de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB, muitas delas que enriqueceram durante o governo FHC, falhou. E, até o momento, não há sinais de um "novo fato" que evite a tragédia do nanismo de Serra.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Samba da Favela Falsa


Assista, abaixo, um vídeo em homenagem à favela falsa do programa do Serra. Material emprestado do Tijolaço, o blog do Brizola Neto.


Recomende. É diversão garantida.

Luis Favre: Financial Times é censurado pela imprensa nativa



"Dilma deve ter vitória retumbante", publicou o Finacial Times nesta sexta-feira (27). Para os principais jornais do país, seus leitores jamais se interessariam por tal notícia.

O artigo do FT diz ainda que as acusações do candidato do PSDB à presidência (e seu vice), revela não só a ausência de um programa de governo como, também, a desordem da campanha demo-tucana. Com relação às últimas declarações de Serra, que acusou o governo de censurar a imprensa, o jornalista Jonathan Wheatley (FT) rebateu, afirmando que o Brasil é um dos países onde a imprensa mais goza de liberdade (libertinagem, diria).

O jornalista Luis Favre publicou em seu blog, o Leituras Favre, um artigo para denunciar esta última manobra dos jornalões brasileiros, com o claro objetivo de dar fôlego ao seu candidato, matendo-o vivo na disputa presidencial (leia aqui).

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Datafolha: Dilma abre 20 pontos de diferença sobre o canditato tucano


De acordo com o Instituto Datafolha, a candidata do PT à presidência manteve sua tendência de crescimento e atingiu os 49% das intenções de voto, abrindo 20 pontos na frente do seu adversaŕio do PSDB, José Serra, que está com 29%.

Contratada pela Folha de S. Paulo e Rede Globo, a pesquisa realizada nos dias 23 e 24 com 10.948 entrevistados em todo o país indica que a candidata petista passa liderar em antigos redutos tucanos.

"A petista passou o tucano em São Paulo, no Rio Grande do Sul e no Paraná e entre os eleitores com maior faixa de renda (ricos), publicou a Folha.


quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Lúcio Flávio Pinto: Carta aos blogueiros


Publicado originalmente pelo blog Vi O Mundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha

Caros amigos blogueiros,

Sinto-me muito honrado pelo convite, que devo ao Azenha e à Conceição Lemes, para participar deste encontro. É uma iniciativa generosa e gentil para com um analfabeto digital, como eu. Garanto que sou capaz de ligar e desligar um computador, de enviar e receber mensagens. Não garanto nada a partir daí.

Como, então, estou aqui? Sou – digamos assim – um blogueiro avant la léttre. Não podendo ser um tigre, posto que sou Pinto, fui precursor na condição de blogueiro de papel – e no papel. Às vezes, por necessidade, também um tigre in fólios – e nada mais do que isso.

Em 1987, eu tinha 38 anos de idade e 22 de profissão e me vi diante de um dilema.

Numa vertente, a carreira profissional bem assentada em O Estado de S. Paulo, então com 16 anos de “casa”, e também no grupo Liberal, a maior corporação de comunicação do norte do país, no qual tinha 14 anos, com um rompimento pelo meio, quando tentaram me censurar, logo superado pelo restabelecimento da minha liberdade de expressão.

Na outra vertente, uma matéria pronta, importante, mas que não encontrava quem a quisesse publicar. Era o desvendamento do assassinato do ex-deputado estadual Paulo Fonteles, por morte de encomenda, executada na área metropolitana de Belém, o primeiro crime político em muitos anos na capital do Pará. O Estadão publicara todas as matérias que eu escrevera até então sobre o tema. Mas aquela, que arrematava três meses de dedicação quase exclusiva ao assunto, era, segundo o editor, longa demais.

Já O Liberal a considerava impublicável porque ela apontava como envolvidos ou coniventes com a organização criminosa alguns dos homens mais poderosos da terra, dois deles listados entre os mais ricos. Eram importantes anunciantes. Ao invés de me submeter, decidi ir em frente.

Aí, há 23 anos nascia o Jornal Pessoal, sem anunciantes, feito unicamente por mim, assemelhando-se aos blogs de hoje. Um blog impresso no papel, que exerceu na plenitude o direito de proclamar a verdade, sobretudo as mais incômodas aos poderosos.

Em janeiro de 2005, depois de muitas ameaças por conta desse compromisso, fui espancado por Ronaldo Maiorana, um dos donos do grupo do grupo Liberal, que na época era simplesmente o presidente da comissão em defesa da liberdade de imprensa da OAB do Pará. Eu estava almoçando ao lado de amigos em restaurante situado num parque público de Belém, quando agressor me atacou pelas costas, contando com a cobertura de dois policiais militares, que usava – e continua a usar – como seus seguranças particulares.

Qual a causa da brutalidade? Um artigo que publiquei dias antes sobre o império de comunicação do agressor. O texto não continha inverdades, não era ofensivo, nem invadia a privacidade dos personagens. Mas desagradava aos senhores da comunicação. Embora tendo a emissora de televisão de maior audiência do Estado, afiliada à Rede Globo, o jornal que ainda era o líder do segmento (já não é mais) e estações de rádio, não usaram seus veículos para me contraditar ou mesmo atacar com o produto que constitui seu negócio, a informação.

O que resultou dessa agressão? Da minha parte, a comunicação do fato à polícia, que enquadrou o criminoso na forma da lei. Mas o agressor fez acordo com o Ministério Público do Estado, entregou cestas básicas a instituições de caridade (uma delas ligada à família Maiorana) e permaneceu solto, com sua primariedade criminal intacta. Já o agressor, com a cumplicidade do irmão mais velho e mais poderoso, ajuizou contra mim 14 ações na justiça, nove delas penais, com base na Lei de Imprensa da ditadura militar, e cinco de indenização.

O objetivo era óbvio: inverter os pólos, fazendo-me passar da condição de vítima para a de réu. Em quatro das ações eu era acusado de ofender os irmãos e sua empresa por ter dito que fui espancado, quando, segundo eles, eu fui “apenas” agredido. Mais um dentre vários absurdos aviltantes, aos quais a justiça paraense se tem prestado – e não apenas aos Maiorana, já que me condenou por ter chamado de pirata fundiário o maior grileiro de terras do Pará e do universo, condição provada pela própria justiça, que demitiu por justa causa todos os funcionários do cartório imobiliário de Altamira, onde a fraude foi consumada, colocando ao alcance do grileiro pretensão sobre “apenas” cinco milhões de hectares.

Os poderosos, que tanto se incomodam com o que publico no Jornal Pessoal, descobriram a maneira de me atingir com eficiência. Já tentaram me desqualificar, já me ameaçaram de morte, já saíram para o debate público e não me abateram nem interromperam a trajetória do meu jornal. Porque em todos os momentos provei a verdade do que escrevi. Todos sabem que só publico o que posso provar. Com documentos, de preferência oficiais ou corporativos. Nunca fui desmentido sobre fatos, o essencial dos temas, inclusive quando os abordo pioneiramente, ou como o único a registrá-los. Não temo a divergência e a contradita. Desde então, os Maiorana já me processaram 19 vezes.

Nenhuma das sentenças que me foram impostas transitou em julgado porque tenho recorrido de todas elas e respondido a todas as movimentações processuais, sem perder prazo, sem deixar passar o recurso cabível, reagindo com peças substanciais. O que significa um trabalho enorme, profundamente desgastante.

Desde 1992, quando a família Maiorana propôs a primeira ação, procurei oito escritórios de advocacia de Belém. Nenhum aceitou. Os motivos apresentados foram vários, mas a razão verdadeira uma só: eles tinham medo de desagradar os poderosos Maiorana. Não queriam entrar no seu índex. Pretendiam continuar a brilhar em suas colunas sociais, merecer seus afagos e ficar à distância da sua eventual vendetta. Contei apenas com dois amigos, que se sucederam na minha defesa até o limite de suas resistências, de um tio, que morreu no exercício do meu patrocínio, e, agora, com uma prima, filha dele.

Apesar de tantas decisões contrárias, ainda sustento minha primariedade. Logo, não posso ser colocado atrás das grades, objeto maior do emprenho dos meus perseguidores. Eles recorrem ao seu cinto de mil utilidades para me isolar e me enfraquecer.

Não posso contar nem mesmo com o compromisso da Ordem dos Advogados do Brasil. Seu atual presidente nacional, o paraense Ophir Cavalcante Júnior, quando presidente estadual da entidade, firmou o entendimento de que sou perseguido e agredido não por exercer a liberdade de imprensa, o direito de dizer o que sei e o que penso, mas por “rixa familiar”.

No entanto, dos sete filhos de Romulo Maiorana, criador do império de comunicações, só três me atacam, com palavras e punhos. Dos meus sete irmãos, só eu estou na arena. Nunca falei da vida privada dos Maiorana. Só me refiro aos que, na família, têm atuação pública. E o que me interessa é o que fazem para a sociedade, inclusive no usufruto de concessão pública de canal de televisão e rádio. E fazem muito mal a ela, como tenho mostrado – e eles nunca contraditam.

Crêem que, me matando em vida, proibindo qualquer referência a mim e meus parentes, e silenciando sobre tudo que fazem contra mim na permissiva e conivente justiça local, a história dessa iniqüidade jamais será escrita porque o que não está nos seus veículos de comunicação não está no mundo. Não chegaria ao mundo porque o controlam, a ponto tal que tem sido vão meu esforço de fazer a Unesco, que tem parceria com a Associação Nacional de Jornais, incluir meu caso na relação nacional de violação da liberdade de imprensa.

O argumento? Não se trata de liberdade de imprensa e sim de “rixa familiar”. O grupo Liberal, por mera coincidência, é um dos seis financiadores do portal Unesco/ANJ.

Após os Maiorana, o dilúvio. A maior glória do Jornal Pessoal é nunca ter sido derrotado no terreno que importa à história: o da verdade. Enquanto for possível, as páginas do Jornal Pessoal continuarão a ser preenchidas com o que o jornalismo é capaz de apurar e divulgar, mesmo que, como um Prometeu de papel, o seu ventre seja todo extirpado pelos abutres.

Eles são fortes, mas, olhando em torno, vejo que há mais gente do outro lado, gente que escreve o que pensa, apura sobre o que vai escrever e não depende de ninguém para se expressar, mesmo em condição de solidão, de individualidade, como os blogueiros, que hoje, generosamente, me acolhem nesta cidade que fiz minha e que tanto amo, como se estivesse na minha querida Amazônia.


Lúcio Flávio Pinto : jornalista paraense com 34 anos de profissão, ganhador de 4 prêmios Esso, mantém há 13 anos o Jornal Pessoal, um tablóide quinzenal com tiragem de mais de 2 mil exemplares, publicação responsável pela maioria dos novos seus inimigos.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Serra acusa governo de financiar 'blogs sujos' e perseguir jornalistas, publicou a Folha de S. Paulo

Só se a censura for para proibir os grandes veículos de falarem bem do governo.


Acesse aqui a reportagem publicada pelo website da Folha de S. Paulo e note que, de acordo com as informações apresentadas no corpo da matéria, a estrutura narrativa foi elaborada incorretamente com claras intenções de valorizar as acusações levianas do candidato tucano.

O fato de Serra ter se recusado a responder aos jornalistas que o questionaram sobre quais seriam os "blogs sujos" foi deliberadamente excluída do lead, o que contraria o próprio receituário de produção dos noticiários da "grande imprensa".

Oficina

Utilizando as mesmas técnicas recomendadas pelos manuais de redação dos maiores veículos de informação, o relato do mesmo fato, seguindo o modelo da pirâmide invertida - as informação são hierarquizadas de forma decrescente quanto ao grau de importância -, teria o seu primeiro parágrafo (lead) escrito da seguinte forma:
Apesar de acusar o governo federal, nesta quinta-feira, de financiar "blogs sujos" que "dão norte do patrulhamento" a jornalistas, o candidato do PSDB à presidência, José Serra, recusou-se a responder quais seriam tais blogs. "Alguma outra pergunta?", rebatia o candidato tucano.
Ou:
O candidato do PSDB à presidência, José Serra, recusou-se a responder jornalistas sobre quais seriam os "blogs sujos", acusados por ele de dar norte do patrulhamento à imprensa, nesta quinta-feira, durante 8º Congresso Brasileiro de Jornais. "Alguma outra pergunta", rebatia o candidato, que só se manifestou quando um repórter de TV o perguntou sobre seu empenho na defesa da liberdade de expressão.
Ou:
"Alguma outra pergunta?", dizia o candidato do PSDB à presidência, José Serra, ao ser questionado por jornalistas, nesta quinta-feira (19), durante o 8º Congresso Brasileiro de Jornais, sobre quais seriam os "blogs sujos" que "dão norte do patrulhamento" a imprensa.
Ou até mesmo:
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, acusou nesta quinta-feira o governo federal de financiar "blogs sujos" que "dão norte do patrulhamento" a jornalistas, mas não respondeu quais seriam tais blogs (lead da reportagem da Folha).

Contexto

As formas do relato podem ser muitas, é verdade. Mas o fato, não. O que ocorreu nesse evento foi uma acusação irresponsável de um candidato desesperado, sobretudo após os últimos resultados dos institutos de pesquisas aliados, como o Datafolha e Ibope, que já conseguem prever sua derrota ainda no primeiro turno.

A declaração de Serra revela ainda que ele é tão insensato quanto o seu vice, Índio da Costa (ex-PFL-RJ) que acusou o PT de manter relações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e narcotraficantes.

Falando em vice, Indio voltou a atacar o PT com as mesmas acusações, durante debate promovido pela Folha e UOL entre os candidatos a vice nesta terça-feira (23). Será a nova estratégia da oposição?

Nota da Altercom repudia declarações irresponsáveis de Serra


A Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação,
Altercom, vem a público repudiar as declarações inverídicas, levianas e irresponsáveis feitas pelo candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, que afirmou haver censura no país e denunciou a existência de “blogs sujos” que seriam patrocinados com dinheiro público. É lamentável que um candidato ao cargo político mais alto do país faça esse tipo de acusação sem apresentar qualquer prova ou elemento de verdade. Mais grave ainda, tais declarações foram feitas em evento promovido pela Associação Nacional dos Jornais (ANJ), entidade cuja presidente já admitiu publicamente que as grandes empresas de comunicação estão fazendo o papel da oposição no Brasil.

O fato de essas grandes empresas de comunicação estarem desempenhando o papel da oposição é a maior prova de que não existe censura. Muito pelo contrário, os veículos dessas empresas vêm defendendo a sua agenda sem qualquer tipo de censura ou impedimento. Mais ainda, essas empresas recebem hoje grande parte das verbas públicas destinadas à publicidade, não podendo reclamar sequer de um suposto constrangimento econômico. As declarações do sr. Serra e o silêncio da ANJ a respeito de seu caráter calunioso ofendem a realidade e a inteligência da população brasileira.

Cabe lamentar também o aspecto leviano e irresponsável dessas declarações. O candidato não apresentou qualquer prova de censura e não identificou quais seriam os “blogs sujos” que estariam sendo patrocinados com dinheiro público. A mídia alternativa, onde supostamente estariam os “blogs sujos” sobrevive com grandes dificuldades, recebendo quantias infinitamente menores de recursos em publicidade. O desequilíbrio informativo que existe no Brasil é exatamente o contrário. Os grandes veículos de imprensa, supostamente “limpos”, canalizam hoje a maior parte dos recursos públicos além de vantagens históricas que lhes foi assegurada na concessão de canais públicos.

As declarações do candidato Serra são tão mais lamentáveis e dignas de repúdio se consideramos o processo de desmonte da TV Cultura de São Paulo, patrocinado pelo governo de seu partido (PSDB). Se alguém que tem demonstrado desprezo pela democratização do sistema de informação no Brasil, esse alguém é o sr. José Serra que vem tratando jornalistas de forma truculenta, revelando uma intolerância à diferença e apoiando políticas de destruição de canais públicos de comunicação. Suas mais recentes posições externadas no âmbito da ANJ mostram que, infelizmente, essa truculência anda de mãos dadas com o desprezo à verdade.

Joaquim Ernesto Palhares
Presidente da Altercom