Preocupada com o crescimento da ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, nas pesquisas para as eleições presidenciais de 2010, a oposição acusa o governo federal de fazer campanha eleitoral. O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), garantiu que moverá uma ação contra o presidente Lula e a ministra no Tribunal de Justiça Eleitoral (TSE).
“Entendemos que o abuso dessa semana se tornou insuportável. Vamos entrar com essa ação no TSE para questionar essa conduta”, reclamou Maia, referindo-se a um stand de fotomontagem que cobrava R$ 30 por uma fotografia com o presidente Lula e a ministra Dilma, instalado próximo ao local onde acontecia o Encontro de Prefeitos (Brasília). A subchefia de assuntos federativos da Presidência da República informou que o stand de fotos não tem relação com o evento.
O crescimento de Dilma entre de 10,4% para 13,5% de dezembro para janeiro, segundo pesquisa CNT/Sensus divulgada no início deste mês, parece não ser o único motivo do desespero dos tucanos, demos e seus coadjuvantes. O mesmo grupo de pesquisa anunciou mais um recorde de aprovação do presidente Lula (84%), ainda maior que em janeiro de 2003, quando assumiu o governo. Recorde, por sinal, ignorado pela Rede Globo de Televisão.
Ontem, o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso repetiu quatro vezes, em dez minutos de entrevista, que o presidente está em campanha e "a lei não permite”. FHC está dentro das eleições de 2010, mas não como candidato, já que seus índices de rejeição não permitem. Desta vez, a missão do ex-presidente é fortalecer a operação moto-Serra.
De acordo com o jornalista Bernardo Joffily, embora se tenha a imagem de FHC com um presidente de honra do partido e uma espécie de eminência, recebido com homenagens e rapapés, há indícios de que sua influência real é declinante. Ele lembra que última campanha eleitoral ninguém o convidou para subir ao seu palanque, também devido ao fator rejeição (leia o texto na integra aqui).
A aflição de Fernandinho reflete o racha interno do PSDB, amplificado pelas críticas do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, às mobilizações da cúpula do partido para cancelar as prévias da legenda. De acordo com o website Vermelho, a reeleição foi classificada como ilegítima por 19 dos 57 parlamentares da sigla, e o saldo foi a criação de uma ala dissidente, denominada “Movimento Unidade, Democracia e Ética” (Leia aqui).
Não mente quem diz que a campanha eleitoral de 2010 começou mais cedo, sobretudo se considerarmos o Partido da Imprensa Brasileira, o PIB, que desde a reeleição do presidente Lula fabrica crises para desgastar o governo. Logicamente, com a aproximação do ano eleitoral acirram-se as animosidades e os ataques vão se tornando mais freqüentes, também mais intensos, o que esclarece facilmente a omissão da Globo em relação ao novo recorde de aprovação do presidente ex-metalúrgico.
PSDB, DEM (ex-PFL) e PPS fecharam uma aliança no ano passado com o objetivo de disputarem juntos as eleições de 2010 e anunciaram que pretendem conquistar o apoio de alguns partidos da coalizão governista, como o PMDB. Até aí, nada novo. O PMDB é o maior partido do país, está ainda mais nutrido comandando as duas Casas Legislativas e provavelmente irá indicar o vice de Dilma. E ainda nenhuma novidade, fora o desastre do próprio fato em si.
O PMDB, que desde o fim da ditadura militar não apresenta um candidato próprio, está sempre do lado do poder. Com base no histórico do partido, as pesquisas apontariam qual candidato seria apoiado. Mas, ao menos dessa vez, não será tão simples. Enquanto o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia trabalha para levar o partido a apoiar a candidatura de José Serra, o ministro da Integração Geddel Vieira Lima (Ba) defende a manutenção da aliança com o PT.
Ainda esta semana, Geddel disse que gostaria de ser o “Dilmo da Dilma”, comentário que despertou duas possibilidades: a Casa Civil e a vice-presidência. Para Quércia, o ministro deveria apoiar Serra e se candidatar a governador da Bahia, possibilidade que não pode ser ignorada. Uma publicação do diretório estadual do PMDB-Ba lançada este mês, em sua primeira edição com oito páginas, citou 27 vezes o nome do ministro e publicou três fotos de Geddel.
Na Bahia, o clima entre PT e PMDB ainda é de guerra desde a última disputa pelo Tomé de Souza (Salvador), quando o governador Jaques Wagner e o ministro da Integração se desentenderam. Se Geddel ganhar o cargo de vice na chapa de Dilma, fica fácil resolver o imbróglio. A velha paulada que desgraça dois coelhos ao mesmo tempo.
Um comentário:
Amigo Humberto, a direita está tremendo na base - se é que ela ainda tem base. O que vejo é uma oposição em ruínas quase se afogando na praia e totalmente desesperada.
Agora, venhamos e convenhamos, o Lula e o PT não podem dar brechas. Colocar o stand e usar um evento público já é demais também.
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