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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Imprensa nativa recebe aula de jornalismo do presidente Lula


Por Humberto Carvalho Jr.




Se por demagogia ou não, a verdade é que o presidente Lula, hoje (29), durante o discurso de abertura da Iº Expo Catadores, em São Paulo, aplicou mais uma lição na imprensa nativa. “A figura do chamado formador de opinião pública, que antes decidia as coisas neste país, já não decide mais”, alertou o presidente.

E, em seguida, explicou:
“É porque este povo já não quer mais intermediário, este povo tem pensamento próprio, este povo anda pelas suas pernas, trabalha pelos seus braços, enxerga pelos seus olhos e fala pela sua boca. E o que é mais importante, este povo, gente, adquiriu o gosto, o gosto de uma palavra chamada cidadania. Este povo aprendeu a andar de cabeça erguida, este povo aprendeu a ser dono do seu nariz”.
O comentário do presidente, deliberadamente ignorado pela maioria dos jornalistas dos grandes grupos de comunicação do país, partidários naturais da oposição, aquela do progresso a qualquer custo, trata-se de uma análise bastante lúcida da realidade brasileira, do antigo jogo político que a mídia gorda participa ativamente, disfarçada de observador desinteressado.

Ainda em tom de improviso, o presidente continuou a aula, sugerindo uma nova pauta aos jornalistas que faziam a cobertura do evento:
“(...) E queria pedir para a imprensa, vocês, companheiros jornalistas que estão aqui na frente. Hoje vocês têm a oportunidade de fazer a matéria da vida de vocês. Se esquecerem a pauta do editor de vocês e se embrenharem no meio desta gente, escolher um, qualquer um, para conversarem sobre a vida deles, sobre o sonho deles. Não tem importância que eles falem bem ou mal do governo. Publique apenas o que eles falarem, não tentem interpretar. E vocês vão perceber que poderão fazer hoje a matéria que durante os quatro anos de estudo da profissão de jornalismo vocês tiveram que fazer, a grande matéria da vida de vocês, sobre a vida desta parte humilde da sociedade”.
Porém, como a maioria dos jornalistas optaram pela pauta do editor, a notícia publicada pelos grandes veículos de mídia é a iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que financiará carros elétricos para catadores de material reciclável.

domingo, 25 de outubro de 2009

Folha de S. Paulo é a maior afetada pela diminuição de leitores de jornal no Brasil


Por Humberto Carvalho Jr.


Com base em dados do Institudo Verificador de Circulação (IVC), O Jornal da Record afirma que a Folha de S.Paulo, devido a uma crise de credibilidade, foi a mais afetada em relação à queda no número de leitores de jornais no país.

De acordo com a reportagem do JR, os números apresentados pelo IVC refletem o processo de decadência do diário da família Frias, marcado pela falta de compromisso com os princípios básicos do jornalismo, pelo distanciamento da realidade.

Assista à máteria na íntegra.



sábado, 24 de outubro de 2009

Contra a violência do agronegócio e a criminalização das lutas sociais


Do Mst.org


As grandes redes de televisão repetiram à exaustão, há algumas semanas, imagens da ocupação realizada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em terras que seriam de propriedade do Sucocítrico Cutrale, no interior de São Paulo. A mídia foi taxativa em classificar a derrubada de alguns pés de laranja como ato de vandalismo.

Uma informação essencial, no entanto, foi omitida: a de que a titularidade das terras da empresa é contestada pelo Incra e pela Justiça. Trata-se de uma grande área chamada Núcleo Monções, que possui cerca de 30 mil hectares. Desses 30 mil hectares, 10 mil são terras públicas reconhecidas oficialmente como devolutas e 15 mil são terras improdutivas. Ao mesmo tempo, não há nenhuma prova de que a suposta destruição de máquinas e equipamentos tenha sido obra dos sem-terra.


Na ótica dos setores dominantes, pés de laranja arrancados em protesto representam uma imagem mais chocante do que as famílias que vivem em acampamentos precários desejando produzir alimentos.

Bloquear a reforma agrária

Há um objetivo preciso nisso tudo: impedir a revisão dos índices de produtividade agrícola cuja versão em vigor tem como base o censo agropecuário de 1975 e viabilizar uma CPI sobre o MST. Com tal postura, o foco do debate agrário desloca-se dos responsáveis pela desigualdade e concentração para criminalizar os que lutam pelo direito do povo. A revisão dos índices evidenciaria que, apesar de todo o avanço técnico, boa parte das grandes propriedades não é tão produtiva quanto seus donos alegam e estaria, assim, disponível para a reforma agrária.

Para mascarar tal fato, está em curso um grande operativo político das classes dominantes objetivando golpear o principal movimento social brasileiro, o MST. Deste modo, prepara-se o terreno para mais uma ofensiva contra os direitos sociais da maioria da população brasileira.

O pesado operativo midiático-empresarial visa isolar e criminalizar o movimento social e enfraquecer suas bases de apoio. Sem resistências, as corporações agrícolas tentam bloquear, ainda mais severamente, a reforma agrária e impor um modelo agroexportador predatório em termos sociais e ambientais como única alternativa para a agropecuária brasileira.

Concentração fundiária

A concentração fundiária no Brasil aumentou nos últimos dez anos, conforme o Censo Agrário do IBGE. A área ocupada pelos estabelecimentos rurais maiores do que mil hectares concentra mais de 43% do espaço total, enquanto as propriedades com menos de 10 hectares ocupam menos de 2,7%. As pequenas propriedades estão definhando enquanto crescem as fronteiras agrícolas do agronegócio.

Conforme a Comissão Pastoral da Terra (CPT, 2009) os conflitos agrários do primeiro semestre deste ano seguem marcando uma situação de extrema violência contra os trabalhadores rurais. Entre janeiro e julho de 2009 foram registrados 366 conflitos, que afetaram diretamente 193.174 pessoas, ocorrendo um assassinato a cada 30 conflitos no primeiro semestre de 2009. Ao todo, foram 12 assassinatos, 44 tentativas de homicídio, 22 ameaças de morte e 6 pessoas torturadas no primeiro semestre deste ano.

Não violência


A estratégia de luta do MST sempre se caracterizou pela não violência, ainda que em um ambiente de extrema agressividade por parte dos agentes do Estado e das milícias e jagunços a serviço das corporações e do latifúndio. As ocupações objetivam pressionar os governos a realizar a reforma agrária.

É preciso uma agricultura socialmente justa, ecológica, capaz de assegurar a soberania alimentar e baseada na livre cooperação de pequenos agricultores. Isso só será conquistado com movimentos sociais fortes, apoiados pela maioria da população brasileira.

Contra a criminalização das lutas sociais


Convocamos todos os movimentos e setores comprometidos com as lutas a se engajarem em um amplo movimento contra a criminalização das lutas sociais, realizando atos e manifestações políticas que demarquem o repúdio à criminalização do MST e de todas as lutas no Brasil.

Ana Clara Ribeiro
Ana Esther Ceceña
Boaventura de Sousa Santos
Carlos Nelson Coutinho
Carlos Walter Porto-Gonçalves
Claudia Santiago
Claudia Korol
Ciro Correia
Chico Alencar
Chico de Oliveira
Daniel Bensaïd
Demian Bezerra de Melo
Fernando Vieira Velloso
Eduardo Galeano
Eleuterio Prado
Emir Sader
Gaudêncio Frigotto
Gilberto Maringoni
Gilcilene Barão
Heloisa Fernandes
Isabel Monal
István Mészáros
Ivana Jinkings
José Paulo Netto
Lucia Maria Wanderley Neves
Luis Acosta
Marcelo Badaró Mattos
Marcelo Freixo
Maria Orlanda Pinassi
Marilda Iamamoto
Maurício Vieira Martins
Mauro Luis Iasi
Michael Lowy
Otilia Fiori Arantes
Paulo Arantes
Paulo Nakatani
Plínio de Arruda Sampaio
Reinaldo A. Carcanholo
Ricardo Antunes
Ricardo Gilberto Lyrio Teixeira
Roberto Leher
Sara Granemann
Sergio Romagnolo
Virgínia Fontes
Vito Giannotti

Assine também: http://www.petitiononline.com/boit1995/petition.html