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segunda-feira, 17 de setembro de 2007

O inerente pecado capital

“Não trabalhem demais, porque disso baiano não gosta”, disse o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, num evento realizado em Guarajuba, litoral da Bahia, endossando o grosseiro mito da indolência baiana. O discurso do Ministro revela, em semelhança ao presidente sociólogo que chamou os aposentados de vagabundos, o que pensam os nossos governantes.

Gostaria que alguém transmitisse ao nosso senhor Ministro da Defesa Nelson Jobim a resposta ouvida pelo apresentador Jô Soares, quando este perguntou a Caetano Veloso de onde vinha a idéia de que baiano é preguiçoso. “Com certeza de algum ignorante que nunca pegou num livro de história para saber que quem construiu esse país fomos nós, baianos, nordestinos”, explicou, afinadíssimo, o músico.

Parabéns, Jobim! Assim como tantos outros governantes, você está apto ao cargo, pois mostrou possuir todas as habilidades e conhecimentos necessários ao perfeito desempenho de sua função de opressor do povo.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Cangaço Patrocinado

Madrugada de terça-feira. Por volta das 3h, no bairro do Calebetão, Subúrbio da capital baiana, um grupo de quatro homens invade a casa de dona Aurina, berrando que vieram cobrar uma dívida. Aurina Rodrigues Santana era uma senhora de 49 anos muito bem quista pela população local. Ela agia como uma líder comunitária, defendendo os direitos dos moradores. Nunca hesitou em amparar os que a procuravam. Logo que deram com o pé na frágil porta, os brutamontes invadiram o primeiro quarto da casa, onde dormia duas filhas de Aurina, e alertaram que se elas não se calassem também iriam morrer. No quarto ao lado, encontraram dona Aurina e seu marido, Rodson da Silva, 29 anos, que foram arrastados até o quarto de Paulo Rodrigues, 19, barbeiro, nos fundos da casa, onde foram executados. Foram encontrados, no local do crime, mais de 40 papelotes de drogas.


Na manhã do dia 21 de maio deste ano, uma das vítimas, Paulo, juntamente com a sua irmã de 13 anos, que só escapou por ter dormido fora de casa na noite do crime, foi torturada por quatro policiais militares da 48º Companhia que estavam na viatura policial 4804, de placa JPZ-4404. Paulo foi espancado com socos, pontapés e golpes desferidos com uma barra de ferro, encontrada pelos policiais em sua casa. Também derramaram óleo quente na cabeça do garoto. Além de espancar os garotos, os policiais tentaram sufocá-los com sacos plásticos. Os suspeitos pelo triplo homicídio, recentemente ocorrido (14/08) em Salvador, são os mesmos torturadores de há dois meses e meio: Tenente Vítor Luis Maciel e os soldados Ademir Bispo de Jesus, Antonio Marcos de Jesus e José de Oliveira.


A polícia age como algoz dos cidadãos que, por lógica, deveriam proteger, e esse caso execução acima citado foi apenas um dos muitos protagonizadas pela polícia militar. É muito fácil ouvir um cidadão de bem contar que sofreu algum tipo de repressão policial, mesmo sem ter feito nada. A truculência policial, que anula e inverte os princípios básicos dos Direitos Humanos, é resultado da certeza de impunidade concedida pela plutocracia brasileira, onde manda quem paga mais. Na lei dos licitamente armados e dos que nestes mandam (ricos), o pobre passa a ser culpado até que se prove o contrário. Custará pouco tempo para a pobreza ser crime previsto na Lei.


Falam em “classe em risco social”. Risco, promovem os governantes do “paraíso tropical” chamado Brasil, que matam muito mais quando roubam milhões da saúde, ou da educação. O novo Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), recentemente lançado pelo Governo Federal, direcionado às áreas que eles classificam com “Áreas de Risco Social”, deveria atuar, principalmente, no Congresso. O Pronasci, orçado em 6,7 bilhões, agirá com doses homeopáticas de políticas sociais diluídas em repressão. Isso quer dizer que chacinas e execuções impetradas pela polícia, repetir-se-ão com nosso dinheiro e consentimento do Estado.


Por favor, um minuto de silêncio...

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

O poder tam-tam da TAM




“Foi a melhor coisa que Lula fez em todo o seu governo”. Ouve-se, infelizmente, todo ser dotado de normais habilidades auditivas, esse e outros impropérios semelhantes, em relação à demissão do Ministro da Defesa Waldir Pires (25/07), honroso político que dispensa longas apresentações. Após tantas súplicas, surgiu a panacéia do “Caos Aéreo”: rolou a cabeça de Waldir. Era preciso acalmar os leões. Nelson Jobim irá reger a pasta deixada (a contra gosto, logicamente) pelo baiano no mesmo tom pomposo do “neo-liberalismo” tucano.

O avião mal terminou de bater no prédio e toda a mídia fanfarrona já noticiava, com inexorável certeza, como causa do acidente, a falta do grooving, ranhuras na pista. Perdão! Não se trata de notícia, e sim de tese. As imagens de pouso do Airbus da TAM, repetidas incasavelmente, seriam a última prova de que houve “aquaplanagem”, derrapagem por excesso de água e falta de rugosidade na pista. Com as imagens a única coisa fica nítido é que o avião não estava desacelerando. Recentemente, vazou a informação de que o manete que deveria estar no ponto morto, desacelerando as turbinas, estava na posição incorreta. O experiente piloto errou numa pista em que falhas não são permitidas.

A “grande mídia” não produz mais informações, limita-se a fazer “propaganda”, balizada na desculpa pífia da “liberdade de expressão”. Como disse o Presidente boliviano, Evo Morales, em relação ao caso da emissora venezuelana que não teve sua concessão renovada por Chávez, “liberdade de expressão não pode ser confundida com libertinagem de expressão”.

A democracia pregada pelos “liberalistas”, isso também inclui o Partido da Imprensa (PI), difere pouco das ditaduras dos tiranos: enquanto os tiranos oprimem o povo em nome da grandeza, os “liberais” exploram o povo em nome da liberdade. Acidentes como o do Airbus 320 da TAM não deixarão de se repetir, enquanto imperar no país o tácito pacto entre políticos corruptos e empresários impudentes que, em busca de lucros desmedidos, enriquecem a custo do sacrifício das vidas alheias.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Criminalização da Pobreza

Em 25 de junho, iniciou-se uma “Mega-operação” no Morro do Alemão, um dos maiores complexos de favelas do Rio de Janeiro. Com cerca de 1.350 policiais, a operação genocida gerou em apenas três dias cerca de 40 mortos e 80 feridos. Dos mortos, 19 não possuíam antecedentes criminais. O projeto de “Guerra ao tráfico” semelhante aos combates realizados na Colômbia, revela-se um claro processo de “criminalização da pobreza”.

Quem quiser obter informações mais completas e fidedignas já pode acessar o novo site da Agência Nacional das Favelas. O endereço é:

http://www.anf.org.br/ .

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Contínuo Progresso

Acredito na força cosntrutivista do nosso Senhor ex-Senador Antônio Carlos Magalhães que, para alegria de muitos e tristeza de um outro tanto (mais nem tanto), faleceu na sexta-feira 20, no Instituto do Coração de São Paulo (Incor). Com sua morte, acabou prestando seus últimos favores ao Presidente Lula, que poderá dar continuidade ao projeto de transposição do Rio São Francisco, pois a mídia chorosa e os órfãos abandonados pelo falecido “lambe-botas dos militares”, termo empregado por Emiliano José na “Guerra dos Fax”, encarregaram-se da revitalização.

Foi cômico assistir à homenagem ao finado. Deveriam ter feito isso antes. Na ânsia de tornar a coisa comovente, transmitiram tudo “ao vivo”. E o povo, muito afável, também ingênuo, comentava seus feitos e desfeitos. Um deles dizia-se grato por, “graças a ele”, toda a sua família está empregada no Estado: NEPOTISMO. “Grampinho” (ACM Neto) chorando sem borrar a maquiagem, lembra Cowboy fora da lei, de Raul Seixas (procure a letra!). Será que não deu vontade de pular do barco e abortar a missão?! O sangue pingado pela facada e o choro quebram a apatia costumeira e revelam que, ainda bem, não são robôs os nossos governantes.

O ritual piegas da mídia brasileira impressiona mais do que comove. Na verdade, alerta para a falta de pluralidade de um setor insolente e estouvado que se julga, baseado numa ideologia mesquinha e provinciana, porta-voz do povo, mas rumam ao fim nefasto de naufragar nas cálidas águas da merda que gestaram.

Releva-se a condição desta terra abençoada por todos os santos, caboclos, guias e orixás, ter se libertado ainda a pouco do regime feudalista. Muitos, por certo, ainda estranham não ouvir ecoar os estalos dos açoites no lombo dos que não mamaram nos peitos dos cacaueiros, e apesar dos talhos acesos pelo Chicote New Hard Progressive ISO 9002, esmorecem ao perceberem que até mesmo calhordas, sacanocratas como o falecido político baiano, como quaisquer outros seres vivos, morrem. Persiste o progresso.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Mais um errante!

Entre erros e acertos, desembesto a riscar (obsoleto!) e arriscar comentários sobre os mais diversos assuntos, de política a merda (ou os dois juntos). "O mundo vai girando cada vez mais veloz", disse Lenine. Silvio Brito não aguentou e girtou: "Pare o mundo que eu quero descer". se eles não acharam o pedal do freio, resta-me, normalmente, vomitar.

blueeoorrf!!!