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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Mídia e ideologia: realidades políticas pelas lentes da grande imprensa brasileira


Por Humberto Carvalho Jr.


"Manifestações de estudantes contra o governo Hugo Chávez foram reprimidas com violência hoje na Venezuela. E Chavez acusou a oposição de planejar um golpe de estado, como conta os enviados especiais Carlos De Lannoy e Eduardo Aragona", anuncia a matéria, o apresentador do JN, William Hommer (eu quis dizer Bonner).

Com duas frases curtas e simples, conforme manda o receituário do telejornalismo asséptico, o galã de cabelos precocemente grisalhos, comandante do principal noticiário do império de comunicação da família Marinho, ignora a história recente da Venezuela e reforça a imagem de um Chávez ditador (video aqui).

É ainda o mesmo modelo de jornalismo imparcial, objetivo e plural que, deliberadamente, ignorou o golpe militar contra o governo Chávez, em 12 de abril de 2002, na Venezuela.

No artigo “O golpe de Estado e o noticiário”, publicado no website do Observatório da Imprensa, Ivo Lucchesi faz uma análise bastante lúcida da cobertura jornalística dos meios de comunicação brasileiros acerca do golpe:

A "grande" imprensa, cujo olhar parece insistir em ser "pequeno", sob os ditames da Nova Ordem Mundial, submeteu-se a mais um "teste de fidelidade": quanto resistirá a "camisa-de-força"? O noticiário inicial abusou na relutância em respeitar a ferramenta básica da informação: a objetividade. O ocorrido na Venezuela não poderia, jornalisticamente, merecer outra manchete, diferente de "Golpe de Estado na Venezuela". No entanto, a "grande" imprensa brasileira preferiu, uma vez mais, "romancear" o acontecimento, estampando chamadas como: "Venezuela se une e depõe Chávez", acrescida da seguinte linha-fina: "Presidente cai em meio a protesto de milhares de manifestantes e rebelião de militares" (Jornal do Brasil, 12/4/02). No mesmo exemplar, em página interna, a chamada era: "Generais forçam renúncia de Chávez". É flagrante a disjunção semântica entre os dois enunciados. No primeiro, revitaliza-se o antigo slogan "a união faz a força"; no segundo, pode-se deduzir o oposto, "a força faz a união". Ou não?

Estaremos diante de um fato a atestar incompetência jornalística ou manipulação da informação? Em edição de 13/4, a manchete da Folha de S. Paulo destacava: "Militares depõem Chávez; civil toma posse e dissolve poderes". Na mesma data, o Jornal do Brasil noticiava: "Militares prendem Chávez, fecham Congresso e assumem poder no país". Afinal, quem, nesse pífio enredo, fez o quê? E mais: quem, nessa trama de folhetim barato e surrado, tem poder real? Essa é a pergunta a provocar os limitados redutos da informação. Fora daí, é mais uma "fofoca palaciana" (leia na íntegra aqui).
O contexto deixado de lado (quanta generosidade!) pelas grandes empresas de comunicação do Brasil nada tem a ver com incompetência profissional dos que apuraram o fato. Não são distorções involuntárias ocasionadas pelas rotinas de produção jornalísticas. Trata-se de claras tentativas de apagar as semelhanças com a mídia Venezuelana, co-autora do golpe de 2002, contra o governo Chávez.

O documentário The Revolution Will Not Be Televised (A revolução não será televisionada), produzido pelos irlandeses Kim Bartley e Donnacha O'Briain, mostra como a mídia venezuelana contribuiu para a realização do golpe, manipulando as informações.

Conforme relatam no filme, os cineastas estavam no país para fazer um filme sobre o presidente Chávez e o governo bolivariano, quando foram surpreendidos pelos acontecimentos que culminaram no golpe. O vídeo revela de maneira as espúrias relaçõesd a grande mídia com a elite econômica, militares dissidentes e a articulação dos EUA na manipulação dos fatos.

Assista ao vídeo, abaixo, e descubra o que a imprensa gorda de nosso país tenta nos esconder.



Agora, depois de assistir ao documentário, você percebeu que não há coincidências. Só semelhanças.

Em países como o nosso, tanto os meios de produção material como os simbólicos pertencem à elite econômica. E, obviamente, a elite usa das ferramentas que possui para manter o status quo ou fazer com que o povo aceite o seu modelo de democracia.

Os meios de comunicação de massa são, agora mais do que nunca, armas político-ideológica em defesa dos princípios neoliberais. Em detrimento do dever de informar a sociedade, prevalecem os interesses de classe, os anseios dos patrões, dos anunciantes.

Isso certamente explica o comportamento agressivo da mídia, sobretudo neste período de crise do capitalismo, quando o sistema que permite a sua existência nesses moldes revela-se falido ou em iminente perigo.

Apesar de se apresentar como a grande defensora da liberdade, a imprensa comercial sempre tenta privar a sociedade de debates que objetivem a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Poderíamos dar diversos exemplos, porém o Programa Nacional de Direitos Humanos é o bastante. Antes mesmo de concretizar qualquer das propostas objetivadas no documento, PNDH-3 do ministro Vannuchi, Secretaria Especial de Direitos Humanos, já saiu vitorioso. O projeto conseguiu unir a mídia, religiosos, ruralistas e militares, obviamente que contra o projeto.

Muitos itens do programa aterrorizam as entidades patronais de comunicação, mas a diretriz 22, primeira iniciativa concreta do Estado para regulamentar o artigo 221 da Constituição de 1988 desde a sua promulgação, propõe punições, como suspenção da programação e publicidade, para os veículos que desrespeitarem o artigo.

Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão
atenderão aos seguintes princípios:
I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção
independente que objetive sua divulgação;
III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística,
conforme percentuais estabelecidos em lei;
IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Sobre o PNDH-3 sugiro a leitura do artigo Quem perde é a democracia, do teórico e articulista Venício Artur de Lima, publicado no website da Agência Carta Maior (clique aqui). O teórico mostra como a mídia tem agido ultimamente para minar as possibilidades de concretizar uma verdadeira democracia no Brasil.

Ele lembra que imprensa brasileira tem se colocado acima das leis, recusando-se a debater, além de boicotar conferências, distorcer e omitir informações e satanizar movimentos e grupos políticos que não compartilham seus interesses.

4 comentários:

all disse...

ENQUANTO ISSO A IMPRENSA DE ESGOTO OMITE:

Jornal Nacional sem noção. Jornal da Globo, idem. "O em cima do muro", da Globonews, também.

Não vou nem criticar o Jornal Nacional, da TV Globo, por ter censurado a pesquisa CNT/Sensus, porque Dilma aparece no encalço de Serra. Isso era previsível, vindo da Globo, porque ela já censurou outras pesquisas antes.

Jornalismo hediondo

Mas a omissão da notícia da inauguração simultânea de 78 novas escolas técnicas federais é coisa de um jornalismo hediondo.

Educação é uma política de Estado, nem é de governo. A Globo vive falando em educação da boca para fora, mas quando há um investimento maciço desse, ela esconde.

Inaugurar 78 escolas públicas e gratuitas simultaneamente, em 78 cidades diferentes, de todas as regiões do Brasil, é fato mais do que jornalístico, é um fato histórico, e de interesse nacional, de todo o Brasil, dada a abrangência.

Estas escolas, o governo Lula tem o mérito de ter feito e viabilizado, mas pertence ao povo brasileiro de várias gerações, do presente e do futuro

(FONTE: http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com/)

Unknown disse...

Humberto,
Está aí, creio, a base de nossa discordância!! você CRÊ NO LULA! CRÊ NO MAG, no CELSO AMORIM!! vc deve achar (desculpe, CRER!) que a Venezuela hoje é uma democracia!! deve achar (ops..) CUBA um paraíso (vc conhece o blog da cubana Yoani Sanchez?). NÃO cara! definitivamente, obrigado! Um dia vc vai entender... vai sim!
um abraço!

Joaquim Neto disse...

Caro Politicthings,

Não quero defender o autor do blog, mas imagino que ao contrário dele vc deve ser um eleitor do Serra (Zé Alagão) ou do sociólogo que tentou vender o país, FHC.

Sua colônia de férias deve ser nos Estados Unidos, símbolo da liberdade para os tolos.

Não se o que vc entende por democracia. Acho que vc nunca pegou num livro de História.

Unknown disse...

É mesmo Joaquim Neto... democracia deve ser aquilo que tem na China, em Cuba, na Venezuela... nesses países que implantaram esse sistema que você tanto admira!

Ah! já me enchi de vocês! vai pro blog do paulo henrique amorim se divertir lendo apenas o que vc quer!