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quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Cangaço Patrocinado

Madrugada de terça-feira. Por volta das 3h, no bairro do Calebetão, Subúrbio da capital baiana, um grupo de quatro homens invade a casa de dona Aurina, berrando que vieram cobrar uma dívida. Aurina Rodrigues Santana era uma senhora de 49 anos muito bem quista pela população local. Ela agia como uma líder comunitária, defendendo os direitos dos moradores. Nunca hesitou em amparar os que a procuravam. Logo que deram com o pé na frágil porta, os brutamontes invadiram o primeiro quarto da casa, onde dormia duas filhas de Aurina, e alertaram que se elas não se calassem também iriam morrer. No quarto ao lado, encontraram dona Aurina e seu marido, Rodson da Silva, 29 anos, que foram arrastados até o quarto de Paulo Rodrigues, 19, barbeiro, nos fundos da casa, onde foram executados. Foram encontrados, no local do crime, mais de 40 papelotes de drogas.


Na manhã do dia 21 de maio deste ano, uma das vítimas, Paulo, juntamente com a sua irmã de 13 anos, que só escapou por ter dormido fora de casa na noite do crime, foi torturada por quatro policiais militares da 48º Companhia que estavam na viatura policial 4804, de placa JPZ-4404. Paulo foi espancado com socos, pontapés e golpes desferidos com uma barra de ferro, encontrada pelos policiais em sua casa. Também derramaram óleo quente na cabeça do garoto. Além de espancar os garotos, os policiais tentaram sufocá-los com sacos plásticos. Os suspeitos pelo triplo homicídio, recentemente ocorrido (14/08) em Salvador, são os mesmos torturadores de há dois meses e meio: Tenente Vítor Luis Maciel e os soldados Ademir Bispo de Jesus, Antonio Marcos de Jesus e José de Oliveira.


A polícia age como algoz dos cidadãos que, por lógica, deveriam proteger, e esse caso execução acima citado foi apenas um dos muitos protagonizadas pela polícia militar. É muito fácil ouvir um cidadão de bem contar que sofreu algum tipo de repressão policial, mesmo sem ter feito nada. A truculência policial, que anula e inverte os princípios básicos dos Direitos Humanos, é resultado da certeza de impunidade concedida pela plutocracia brasileira, onde manda quem paga mais. Na lei dos licitamente armados e dos que nestes mandam (ricos), o pobre passa a ser culpado até que se prove o contrário. Custará pouco tempo para a pobreza ser crime previsto na Lei.


Falam em “classe em risco social”. Risco, promovem os governantes do “paraíso tropical” chamado Brasil, que matam muito mais quando roubam milhões da saúde, ou da educação. O novo Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), recentemente lançado pelo Governo Federal, direcionado às áreas que eles classificam com “Áreas de Risco Social”, deveria atuar, principalmente, no Congresso. O Pronasci, orçado em 6,7 bilhões, agirá com doses homeopáticas de políticas sociais diluídas em repressão. Isso quer dizer que chacinas e execuções impetradas pela polícia, repetir-se-ão com nosso dinheiro e consentimento do Estado.


Por favor, um minuto de silêncio...

5 comentários:

Anônimo disse...

Caro colega,

Pobreza já é crime previsto em Lei desde que a nossa Carta Magna foi elaborada ainda na primeira edição. Basta fazermos uma leitura mais acurada! Qual é a condição social/econômica/educacional da maioria esmagadora da população carcerária desse país?

As leis (e aqui falo sem pestanejar) são todas elas criadas, editadas e emendadas para "escrotizar" os menos favorecidos.

Anônimo disse...

Realmente é revoltante ver a reincidência de policiais que deveriam estar atrás das grades e continuam soltos praticando atrocidades contra os desfavorecidos. O probre já nasce injustiçado e abandonado pelo poder público a sua própria sorte.

Anônimo disse...

Sem querer generalizar, mas sempre que entra um policial em algum coletivo eu j� fico em alerta! Sinto medo como se fosse um bandido dos mais perigosos. Invers�o total de valores!!!

Voltando � enquete: quis dizer que o n�vel dos programas � t�o baixo e a sua sele�o foi t�o certeira que n�o consegui achar o pior.
Deu empate t�cnico entre todos!
Parab�ns pelo texto.

Anônimo disse...

A história da PM é uma história do poder econômico. Quando fundada, ainda na República Velha, as primeiras patentes de oficiais foram distribuidas para os filhos da oligarquia. A PM é um antro irresponsável de delinqüentes armados. Bom texto Humberto!

Anônimo disse...

Tá na hora de postar outra matéria ou texto. tá demorando muito velho. Não vai postar mas não é???