Publicidade

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Baltasar Garzón vem ao Brasil e assusta militares com passados obscuros


Por Humberto Carvalho Jr.


Veja a entrevista do juiz da mais alta Corte Criminal Espanhola, a chamada Audiência Nacional, Baltasar Garzón, que ficou mundialmente conhecido em 1998 ao pedir a prisão de Augusto Pinochet, ditador chileno, por crimes contra a humanidade.

Convidado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR), Garzón veio ao país como uma das principais atrações do seminário "Direito à Memória e à Verdade", ocorrido no dia 18, o que tem causado muitos tremores aos tentáculos restantes do regime militar no Brasil.

Clique aqui para ler a entrevista de Garzón, publicada pela Revista Fórum.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Entenda por que Evo Morales venceu o referendo



Como sempre ocorre nos países em que o governo é aliado dos EUA, na Bolívia as manifestações da população foram reprimidas à bala, com direito a franco-atiradores e tudo mais, assim como nos poucos dias do governo golpista de Pedro Carmona na Venezuela (2002).

O vídeo indica uma das razões da vitória do presidente Evo Morales no referendo que ratificou seu governo no domingo (10), sob a pressão separatista da elite do país.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Conflito da Ossétia do Sul : petróleo e poder


Por Humberto Carvalho Jr.


É inacreditável como os noticiários locais se superam cada vez mais na corrida pela desinformação. E com o auxílio do espírito olímpico, ao menos nesta modalidade, a medalha dourada está garantida.

Ainda na abertura das Olimpíadas de Pequim (ou Beijing, se preferir), na sexta (08), os telejornais de Banana Land noticiaram que a Rússia havia bombardeado a Tskinvali, considerada capital da Ossétia do Sul, república separatista da Geórgia, localizado na região do Cáucaso, deixando muitos mortos e feridos. Ainda hoje, muitos brasileiros devem estar pensando como os russos são maus.

Embora muitos analistas russos não acreditassem na possibilidade de uma guerra aberta entre a Rússia e a Geórgia devido às repúblicas separatistas, Ossétia do Sul e Abházia, o conflito foi reativado depois que a Georgia, aliada dos Estados Unidos e União Européia, na quarta-feira (06), ignorou um acordo de cessar-fogo, impetrando um ataque contra a população civil da Ossétia do Sul, com tanques e infantaria, enquanto a força aérea bombardeou a aldeia de Kvernet e um comboio russo de ajuda comunitária. O Parlamento e vários edifícios foram incendiados. Moscou afirma que cerca de 2 mil pessoas morreram e milhares estão desabrigadas.

A Rússia, que apóia o território separatista, revidou, aproveitando para mostrar ao mundo, inclusive aos aliados da Georgia, seu interesse em comandar a região e seu potencial bélico para garantir seus anseios. Para o analista de política internacional, Charles Kupchan, a resposta russa deixou claro que o país está preparado para enfrentar um conflito mais intenso e longo. “Os EUA e a União Européia farão de tudo para evitar este cenário, potencialmente um dos mais perigosos desde o fim da “Guerra Fria”, afirma. Kupchan não acredita que os EUA vão interferir diretamente, considerando que as Forças Armadas Americanas já têm problemas suficientes com o Iraque o Afeganistão.

De acordo com o ministro desta república separatista, Sergei Shamba, a Abkházia, aproveitando-se da situação, declarou neste sábado ter dado início a uma operação militar para expulsar tropas georgianas em Kodori, uma área estreita que corta seu território e é uma rota ideal para qualquer invasão, abrindo um segundo foco de conflito na região.

O conflito dos territórios separatistas tem origens no período no colapso da União Soviética (década de 1980 e 1990), quando o então presidente da Georgia, Zviad Gamsakhrudia, decidiu pôr fim à autonomia destas repúblicas pela força, iniciando uma guerra civil. Moscou apoiou grupos separatistas armados que enfrentaram a Georgia e conseguiram controlar grande parte do território da Ossétia do Sul e Abkházia. Em 1994, a Rússia intermediou um acordo de cessar-fogo e tropas de manutenção de paz russas instalaram-se na região.

Sempre que se elegem, os presidentes georgianos prometem o restabelecimento da unidade territorial. Moscou apóia os separatistas direta e indiretamente. Na Ossétia do Sul, onde cerca de 90% da população possue passaporte russo, a independência do território e sua posterior unificação à Ossétia do Norte (território russo), votadas em dois referendos em 2006, tiveram o apoio da grande maioria dos cidadãos. Os referendos não são reconhecidos sequer pela ONU.

A região do Cáucaso é considerada uma das mais importantes rotas de petróleo e gás natural controlada pela Gazprom, a estatal russa do gás que controla os gasodutos de exportação que saem da Ásia Central e recusa-se a dividir com empresas de fora o acesso aos mercados europeus. A Gazprom exporta 160 bilhões de metros cúbicos de gás natural para a Europa através de gasodutos na Ucrânia e Bielorússia. A empresa fornece 60% do gás natural da Áustria, 35% da Alemanha e 20% da França.

Com receio de que o envolvimento da Rússia possa complicar ainda mais sua relação com países vizinhos como a Ucrânia e Estados Bálticos, o presidente da Georgia, Mikhail Saakachvili aproximou o país da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que dificilmente irá lhe socorrer.

O presidente russo, Dmitry Medvedev e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, concordaram nesta terça-feira (12) os elementos-chave do plano de paz com a Geórgia que desencadeou a guerra na região. O plano, uma versão revista de um anterior com quatro propostas elaboradas em conjunto pela UE e pela Organização para a Segurança e Colaboração na Europa (Osce), assinado pelo presidente georgiano, na segunda-feira, não foi aceito na íntegra por Medvedev, que logo defenderá o estatuto de duas repúblicas autoproclamadas.

Apesar de ser apresentado apenas como uma crise nacionalista e geopolítica, evidencia-se que o conflito na região separatista, longe de uma solução pacífica, deve-se a uma disputa tácita (talvez nem tanto) entre Moscou e Washington pelo controle do Cáucaso, interesses puramente econômicos ligados ao petróleo. Sabe-se que entre o direito à autodeterminação dos povos e a inviolabilidade de fronteiras, prevalecerá o direito à manutenção do poder.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Democratização dos meios de comunicação


Por Humberto Carvalho Jr.


Fingindo desconhecer as medidas necessárias para democratização dos meios de comunicação de massa, o Governo do Estado da Bahia deu um passo à frente do Governo Federal. No último sábado (02), encerrou-se o ciclo de plenárias territoriais da 1ª Conferência de Comunicação Social da Bahia, marcada para os próximos dias 14, 15 e 16. O evento, de acordo com a Agência de Comunicação do Estado da Bahia (Agecom), pretende iniciar os debates sobre diretrizes para políticas públicas de comunicação como fator de inclusão social e cidadania. Robinson Almeida, Assessor Geral de Comunicação Social do Governo da Bahia, um dos idealizadores do projeto, espera que o projeto fomente uma conferência nacional.

A iniciativa é interessante, sobretudo no momento em que o Ministério das Comunicações (Hélio Costa – ex-Globo) posiciona-se deslavadamente em proteção ao monopólio das comunicações, autorizando o fechamento de rádios comunitárias com a pífia desculpa de que essas emissoras, criminosamente denominadas “piratas”, podem provocar acidentes aéreos. A preocupação dos grandes veículos de comunicação, e logicamente do ministro Hélio Costa, está longe da mais remota possibilidade de as rádios comunitárias causarem acidentes de aviões. O que os deixam insones é o medo de ter que entregar o tesouro aos piratas, dividir o capital publicitário com os meios de comunicação alternativos.

Ainda na semana passada, duas matérias veiculadas no Jornal Nacional sustentavam a hipótese de que as rádios “piratas” podem derrubar aviões. Faltaram imagens de arquivo, gravações de caixas-pretas ou documentos secretos que provassem que as interferências de uma rádio, fosse ela de qualquer “pirata” ou não, já tivesse provocado um acidente do tipo em algum lugar no mundo.

Apesar de a 1º Conferência de Comunicação Social da Bahia abordar um tema de tamanha relevância para a população, nenhum dos veículos de comunicação cobriu o evento. Vê-se, logo, o interesse da mídia baiana em disponibilizar-se a discutir políticas públicas que a regulem, que permitam ao povo conhecer e saber usar o seu direito à comunicação. O coronelismo na Bahia não se encerrou com a morte de Antonio Carlos Magalhães.

Se é difícil acreditar na possibilidade de que este projeto do governo baiano, de fato, conseguirá desenvolver políticas de comunicação que viabilizem a regulamentação dos meios de comunicação, visando a democratização da mídia local, imagine no âmbito nacional. Não esperaria pelo Vale a Pena Ver de Novo. A novela é antiga. Como toda tentativa de regulamentação dos meios de comunicação, qualquer projeto com este intuito será rechaçada pelos defensores da LIBERTINAGEM de imprensa.