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terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Morales vence referendo mas oposição não aceita

Por Humberto Carvalho Jr.


Apesar de todas as pesquisas de boca-de-urna realizadas por emissoras de rádio e televisão (privadas e estatais) apontarem a vitória do “sim” no referendo constitucional, realizado na Bolívia no último domingo (25), opositores consideram-se vitoriosos e exigem que seja reconhecida a autonomia dos departamentos onde o governo Morales não conseguiu vencer.

O resultado oficial do referendo pode levar até dez dias para ser divulgado. Porém, diante do resultado parcial apresentado pelas pesquisas de que  o "sim" vencera com cerca de 60% dos votos, antes mesmo do início da contagem dos votos, os líderes oposicionistas, desolados com a possível vitória do governo apelaram para a depreciação do processo eleitoral, alegando que havia indícios de fraude na votação, hipótese logo descartada por diversos observadores internacionais e pela Corte Eleitoral Nacional.

Mario Cossio, governador de Tarija, um dos departamentos (Estados) separatistas da Bolívia, disse que o presidente Evo Morales não tem poder suficiente para impor o resultado do referendo a todo o país. “Ele será obrigado a fazer algum tipo de pacto”, afirmou.

Ao mesmo tempo em que os líderes de direita tentavam invalidar o pleito, aconteciam festejos e carreatas nas cidade em que a oposição de direita conseguiu derrotar o “sim” à nova Carta Magna Boliviana.

Os governantes dos departamentos separatistas - Santa Cruz, Beni, Tarija e Pando -, onde certamente triunfará o “não”, reclamam o reconhecimento das autonomias departamentais. Estes departamentos, no ano passado, foram palco de perseguições e assassinatos de camponeses e militantes pró-Morales.

Enquanto a imprensa brasileira se preocupava com possibilidade de corte do fornecimento de gás natural ao Brasil devido a crise na Bolívia, mais de 30 bolivianos foram assassinados na Província de Pando, em mais um 11 de setembro esquecido pelo ocidente. Os crimes foram atribuídos a Leopoldo Fernández,  político de extrema direita, membro do Podemos, partido que integrou o segundo governo do general Hugo Banzer Suárez (1997-2001). Leia mais aqui

 

Para esse pequeno grupo de inconformados, defensores da  plutocracia, só pode ser caracterizado como governo democrático, quando um deles está no poder. A aprovação da nova Carta Magna assombra a população de classe média e alta boliviana, obviamente, porque o texto pretende dividir o poder com maioria da população boliviana, composta por camponeses e índios. Somente os índios representam 55% dos 10 milhões habitantes do país.

De acordo com o website Brasil de Fato, esta foi a primeira vez em 183 anos de vida republicana que os bolivianos foram convidados a participar de um referendo sobre a Constituição. Dos cinco referendos convocados nestes quase dois séculos, 40% foi realizado pelo atual governo, que completou três anos no último dia 22.

Morales, que esperava aprovar a nova Carta com mais de 70% dos votos, disse que não importa a margem, e, sim, a vitória. “Terminou o estado colonial, acabou o colonialismo interno e externo, também terminamos com o neoliberalismo, acabou o leilão dos recursos naturais", comemorou Evo. Assista o vídeo abaixo. 

 

Como não pôde omitir um acontecimento de tamanho interesse público, o Partido da Imprensa Brasileiro (PIB) perpetrou uma campanha na tentativa de distorcer as intenções do documento. Então, em mais um capítulo de “como 'não' fazer jornalismo”, a Folha republicou um artigo da BBC Brasil, criticando algumas das alterações  previstas na nova Constituição boliviana (divirta-se aqui).

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