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domingo, 5 de setembro de 2010

Folha culpa Dilma por falha do governo FHC


As investidas da Folha de S. Paulo para provar que a candidata do PT à presidência não tem competência para ocupar o cargo almejado continuam. Depois de denunciar o insucesso de "uma loja de bugingangas importadas do Panamá", administrada por Dilma há mais de quinze anos, o jornalismo invetigativo da Folha tenta atribuir à candidata os prejuízos de uma lei criada por Fernando Henrique Cardoso.


O próprio o lead — primeiro parágrafo de texto jornalístico com as principais informações do relato — da reportagem publicada no website do jornal paulista revela a manipulação grosseira da manchete:
"Falhas no cálculo da chamada tarifa social de energia, criada no governo FHC, provocaram gastos indevidos de um fundo de consumidores de todo o país, informa reportagem de Rubens Valente, publicada neste domingo pela Folha".
O governo tucano, criador da lei que causou o tal rombo de 1 bilhão nos cofres públicos foi reduzido a três letrinhas, FHC, passando a idéia de um passado bastante remoto e sem importância para a comprensão do episódio. A partir do segundo parágrafo, todo o texto é estruturado para forçar o leitor a"entender" que Dilma é a verdadeira responsável pelas falhas causadas pela "chamada tarifa social de energia", criada durando o governo tucano.

Abaixo, trecho do que foi publicado no website Folha.Com:
"Segundo o Tribunal de Contas da União, o desperdício foi de R$ 989 milhões no tempo em que Dilma Rousseff era ministra de Minas e Energia (2003-2005).

O TCU alertou Dilma três vezes sobre o erro, mas ela não tomou providências.

Um dos critérios para definir o benefício era o baixo consumo. O TCU concluiu que o domicílio que gastava pouco não era necessariamente pobre. Podia ser uma casa de praia, por exemplo.

Em 2006, só depois de a ministra ir para a Casa Civil, houve providências. A lei mudou em 2010".
A Lei Nº 10.438, sancionada pelo então presidente FHC em 26 de abril de 2002, beneficiava quem consumia até 80 KWh por mês. O TCU concluiu, corretamente, que o critério era insuficiente, pois premiava donos de casas de veraneio.

Seguindo recomendações do TCU, as mudanças foram concluídas com a Lei Nº 12.212, assinada pelo presidente Lula em 20 de janeiro deste ano, após o Ministério do Desenvolvimento universalizar o Cadastro Único e tramitação no Congresso. A nova lei altera os critérios e amplia os benefícios para as famílias que tenham renda per capita igual ou menor que meio salário mínino e participe do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo (CadÚnico). Leia mais aqui.

Dilma disse ao jornal que o Ministério de Minas e Energia, a Aneel e o Ministério do Desenvolvimento Social haviam estudado propostas, desde 2003, que resultaram na nova lei. Mas a Folha minimizou as declarações da candidata, expondo-as como algo externo ao todo, sob o subtítulo "OUTRO LADO". Da forma como foram dispostas, as informações fornecidas pela candidata do PT são apresentadas como justificativas não cabíveis ao que tenta atestar na matéria.

Não se trata de "barriga" — publicação com grave erro jornalístico —, é sempre válido ressaltar. O programa da coligação "É hora da virada", de José Serra, vai precisar de material para a campanha, e os noticiários da famíglia Frias jamais se recusariam a lhe estender uma mãozinha. Sem surpresas, novamente.

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